Ótima reflexão do nosso amigo Kizahy. Seria autobiográfico, amigo? De qualquer forma, espero que tu encontres o que procuras, Miguel!!! Obrigado por me autorizares a publicação neste espaço.
A estranha ‘febre’ de Miguel
Miguel andava gravemente adoecido,
padecia de uma ‘estranha e incessante febre’;
recebera a visita das inseparáveis primas, Tristeza e Melancolia,
que trouxeram lembranças...
Dor, negação,
insônia, solidão,
angústia, decepção,
desespero, privação,
telefonemas na madrugada,
desabafo, choro, vexame,
fuga da realidade, esperança,
ânsia, reencontro,
indiferença, lágrimas,
raiva, ressentimento,
perguntas sem respostas,
esquecimento...
As amigas estavam preocupadas com Miguel,
uma ligação daqui, vários torpedos dali,
um ombro amigo, uma escuta,
uma música, um abraço,
uma palavra de conforto,
de otimismo, de altivez,
“curta o momento, o rito, a passagem,
faz parte do processo, da vida...”
Dias se passaram,
e a ‘febre’, já baixou? - perguntavam
Miguel acreditava que sim,
havia estado no CTI,
onde recebera cuidado, carinho, compreensão...
Mais tarde, já estava na enfermaria,
meses depois sentia-se melhor,
“ou surtei, tive alta ou fugi”, brincava ele.
Se ele tinha uma receita?
a resposta era um sonoro ‘não’,
Miguel acreditava que cada um tem a sua,
a seu modo, a seu tempo...
O importante era dizer que
“a ‘febre já passou”, comemorava ele,
os sintomas desapareceram;
deixaram apenas seus ‘efeitos colaterais’, suas marcas,
inerentes à ‘patologia’.
Uma viagem,
novos alvos, horizontes,
novas descobertas, possibilidades,
de ir em busca, da felicidade...
da paixão? do amor??
quem saberia dizer,
deixemos com o tempo...
Kizahy
Manaus, novembro de 2010
2 comentários:
gostei muito do texto, parece bastante verdadeiro; eu também já vivi uma "febre" dessas... o bom de tudo é que ela passa... parabéns ao Kizahy
Caro amigo Gilson,
a honra de você ter publicado meu texto, é toda minha;
agora se é autobiográfico?? prefiro dizer que as dores de amor me inspiraram rsrs
um abraço
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